Foi depois de ter visto o filme “Friends” / “Amigos”, realizado por Lewis Gilbert, no cinema Tivoli, que comprei este single de Elton John, que incluía duas canções da película: o célebre “Friends”, a canção título do filme que na época passava bastante na rádio, enquanto o filme incendiava o coração de muitos jovens adolescentes, encontrando-se no lado-B do single o tema “Michelle’s Song”, sendo todas as faixas da autoria da dupla Elton John / Bernie Taupin.
Este é um single de Elton John, comprado na discoteca Melodia na Rua do Carmo, em Lisboa, que faz parte das minhas memórias da adolescência, tal como o filme “Amigos” / Friends” de Lewis Gilbert.
A actriz principal, Anicée Alvina, teve uma longa carreira cinematográfica no interior do cinema francês e até foi vocalista durante um curto período de tempo do grupo rock francês “Ici Paris”, deixou-nos em 2006, enquanto o actor britânico Sean Bury teve uma curta passagem pelo cinema, abandonando a Sétima Arte em 1977.
Ao escutar estes dois temas de Elton John incluídos nesse single (recorde-se que Elton John assinou a totalidade da banda sonora do filme), são gratas as memórias que a sua audição me transmite.
“Pão Com Manteiga” barrado dos dois lados, onda média e frequência modulada…
- Mas ó tio…tio… quando começou o programa?
- Foi em Maio de 1980 entre as 10h00 e as 13h00 aos domingos. Depois teve paragens e regressos até que em 1988 terminou o pão e ficámos sem manteiga.
- Mas ó tio eu li os livros!
- Sim, também foram editados dois volumes, com alguns dos textos lidos no programa e…
- E o Roque e a Amiga estavam lá?
- O menino devia saber que eles não tinham a ver nada com a malta do Movimento Dada, nem faziam cortes e montagens literárias como o Bill Burroughs e o Jack Kerouac em Tânger e depois tanto o Roque como a Amiga eram um "must"!
- Eles eram muitos a escrever?
- Nem por isso, ora vejamos, havia o BBC, o Carlos Cruz e a sua voz inconfundível, a Eduarda Ferreira, o José Duarte…
- O dos 5 Minutos de Jazz?
- O menino não sabe que é feio interromper uma pessoa mais velha quando ela está a falar nas suas memórias?
- Mas o Miles Davis entrava no programa? Passavam o “Bitches Brew”?
- O Miles era só no “5 Minutos de Jazz”, quem entrou mesmo no programa e foi uma emissão memorável, a minha favorita, foi quando fizeram uma versão do “E.T” do Steven Spielberg, com o "E.T." a desembarcar lá prós lado de Vila Franca de Xira ou seria Alhandra? Já não sei bem…
- Ó tio e termina como no filme?
- Infelizmente não! Porque em vez do "E.T." entrar no disco voador e regressar são e salvo ao seu Planeta, apesar de toda a cerveja que bebeu, a ver “O Homem Tranquilo”, foi um senhor do mundo da canção que entrou lá dentro e terminou por partir para os confins da Galáxia.
- Mas ó tio ele gravou discos depois disso e eu...
- Então o menino já sabe o nome de quem na verdade derrotou o Darth Vader e regressou à terra na Enterprise do Capitão Kirk.
- Mas ó tio o Mário Zambujal também entrava?
- No disco voador não, no programa “Pão Com Manteiga” entravam o Orlando Neves, o Zé Fanha, da Cornélia, o Joaquim Furtado e…, mas se o menino quer mesmo saber como era o magnifico “Pão Com Manteiga” vá até ao YouTube, que eles estão lá todos! Agora vamos jantar, que já se faz tarde…
A equipa do "Pão com Manteiga" era constituída por Carlos Cruz, Bernardo Brito e Cunha, José Duarte, Eduarda Ferreira, Orlando Neves, Mário Zambujal, Joaquim Furtado, José Fanha, Artur Couto e Santos, Clara Pinto Correia, Luís Macieira e João Miguel Silva (espero não me ter esquecido de ninguém!) e os textos lidos na rádio deram origem a dois livros com o mesmo título, que me divertiram imenso e que ainda leio com enorme agrado, mas a emissão do "E.T." em Portugal ficou para sempre na minha memória e o resultado é o "pastiche" que nasceu para estas memórias.
A terminar aqui vos deixo o tema "A Horse With No Name" dos "America" possivelmente a banda rock que mais passava no programa de rádio "Pão com Manteiga".
1 – Part I – 26:02 2 – Part II a – 14:54 3 – Part II b – 18:13 4 – Part II c – 6:59
"The Köln Concert" é o mais célebre concerto em piano solo de Keith Jarrett, mas o que poucos sabem é que o célebre Concerto de Colónia esteve para ser cancelado, porque o pianista não encontrava o piano adequado para o espaço onde iria tocar e após ter experimentado vários pianos e quando já pensava em desistir, o produtor alemão Manfred Eicher conseguiu encontrar finalmente o piano ideal para a realização daquele que se irá tornar no mais famoso concerto em piano solo de Keith Jarrett, sem dúvida alguma um marco incontornável na História do Jazz e sendo o disco mais vendido de sempre neste género musical.
Na edição original em vinil, ”The Köln Concert” de Keith Jarrett irá surgir num duplo álbum, para mais tarde após o nascimento do cd, ser editado no formato de apenas um disco, graças à enorme capacidade de registo que este formato musical possui. A magia de Keith Jarrett nas suas improvisações navega de forma brilhante ao longo deste fabuloso álbum, que cinco anos depois irá surgir na banda sonora da película "Bad Timing" / "Fora de Tempo" realizada por Nicolas Roeg e que em Portugal se estreou no cinema São Jorge, tendo como intérpretes Art Garfunkel e Theresa Russell.
De referir ainda que Manuel Barrueco foi o responsável pela transcrição para guitarra do famoso "The Köln Concert" de Keith Jarrett. Este duplo álbum foi gravado ao vivo a 24 de Janeiro de 1975 na Opera House de Cologne, por Martin Wieland e Masterizado por Henry Riedel. Possui fotografias do concerto de Wolfgang Frankenstein. Design de B & B Wojirsch. Produção de Manfred Eicher. As composições são da autoria de Keith jarrett.
Syd Barrett - Lead Vocals, Guitar. Roger Waters - Bass Guitar, Vocals. Richard Wright - Organ, Piano. Nick Mason - Drums.
"The Piper at The Gates of Dawn" é o álbum de estreia dos Pink Floyd uma das bandas de rock cuja importância no interior da música do século xx é incontornável e nesse ano de 1967 o seu líder chamava-se Syd Barrett, que virá a ser vítima dessa viagens proporcionadas pela "Lucy in the Skies with Diamonds", como um dia lhes chamaram os famosos The Beatles, referindo-se às famosas viagens psicadélicas. Um álbum incontornável na história dos Pink Floyd, que no álbum seguinte irão ter a companhia do guitarrista David Gilmour, ao mesmo tempo que Roger Waters irá assumir um estatuto incontonável na mais importante banda do rock progressivo.
A memória do elefante Nº experimental - 25 Fev. 1970 Nº.1 - 13 - (1971-1974) Director: Joaquim Lobo Editor: Jorge de Morais Colaboradores: António José Fonseca, Jorge Lima Barreto Mário Gonçalves, Pedro Proença, entre outros.
Continuando a divulgação das revistas e jornais que conheci dedicadas ao universo musical decidi recordar hoje "A memória do elefante".
Esta revista de música e "contra-cultura" editada no Porto de periodicidade indefinida, foi descoberta por mim, no quiosque do Jardim Cinema, situado à entrada do Salão de Jogos, era uma maravilha e sempre que a encontrava, antes de entrar para a sessão de cinema, era "toca a comprar" e ler!
Este jornal dedicado à música e à denominada "contra-cultura" nasceu a 25 de Fevereiro de 1970, com um número experimental, o célebre zero, depois surgiram mais 13 números de 1971-1974, sempre com uma periocidade nada regular, fruto das dificulades económicas com que se debatiam este género de publicações.
A capa que reproduzimos com o célebre saxofonista Ornette Coleman é referente ao número seis da revista, datada de Nov/Dez de 1971 e tinha o preço de 3$00 escudos. Neste número podemos encontrar artigos sobre Janis Jolin e os The Doors, assim como uma viagem pelas grandes figuras do jazz em Portugal, ao mesmo tempo que se faz o "julgamento" da música ligeira em Portugal, entre outros textos.
Como a capa deste número seis é o saxofonista Ornette Coleman, decidi deixar aqui o tema "Love Life" do seu fabuloso álbum "Skies of America" que Ornette Coleman gravou com a London Symphony Orchesta e que pessoalmente considero a obra-prima da sua extensa discografia.
Neil Young & Crazy Horse "Greendale Reprise Records 2003
Neil Young – guitar, organ, harmonica, vocals. Billy Talbot – bass, vocals. Ralph Molina – drums, vocals. Pegi Young, Nancy Hall, Twink Brewer, Sue Hill – vocals.
A discografia de Neil Young é vasta, percorrendo décadas da Música Popular Anglo-Americana e no seu interior o músico canadiano criou verdadeiras pérolas que se encontram por descobrir ou escutar se preferirem e o álbum “Greendale” é precisamente uma delas.
“Greendale” de Neil Young oferece-nos uma viagem pela América das Little Towns (de que tanto gostei), só que neste caso Greendale é uma cidade criada pela arte e escrita de Neil Young, que nos vai contando diversas histórias sobre os seus habitantes, num registo inesquecível na companhia dos Crazy Horse, que nos convida mais uma vez a viajar por esse legado musical inesquecível que Neil Young tem oferecido ao universo musical.
Curiosamente este belo cd, intitulado “Greendale” oferece-nos como bónus um DVD com um concerto acústico de Neil Young que, ao longo de duas horas maravilhosas, revisita todos os temas do álbum, oferecendo-nos novas versões numa dessas viagens que guardamos para sempre na memória
O “Página 1” era realizado pelo José Manuel Nunes e surgia na Radio Renascença no FM, após o principal e excelente serviço noticioso das 19 horas ou seja a partir das 19h30 até às 21h00 tínhamos da melhor música, com muitas das novidades vindas directamente de Londres, para além da música portuguesa com José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, entre outros.
Mas também não me esqueço que seria talvez o programa de rádio mais atingido pela censura, que na época tinha uma lista de canções que não eram apreciadas e assim, aconteceu-me estar à espera da emissão, pois gravava de lá umas “coisas” para um velho gravador, utilizando um pequeno microfone, que empunhava junto da coluna de som do rádio/gira-discos e surgia-me música clássica durante todo o espaço da emissão (hora e meia) e confessava com os meus botões de adolescente, lá os tramaram outra vez. Quando o “Venham Mais Cinco” de José Afonso, viu a luz do dia, (que continuo a considerar o melhor álbum da Música Popular Portuguesa), gravei quase todas as canções do álbum através do “Página 1”.
Na época, a música que por ali se ouvia, era um consolo para a nossa alma, acreditássemos ou não no Inferno e no Paraíso, porque Paraíso mesmo foi quando anunciaram que iriam passar na integra o “Tubular Bells” do Mike Oldfield, que andava nas bocas do mundo e cujo álbum ainda não chegara a Portugal e assim um dia tivemos o lado A do álbum e no dia seguinte foi a vez do lado B, que gravei numa cassete BASF de crómio em vez das de ferro, para aquilo durar e confesso que durou muito tempo. Antes tinha uma verdadeira manta de retalhos do Tubular Bells, já que o habitual final do lado A foi o primeiro a gravar (o mais divulgado na rádio), depois numa emissão a seguir ao almoço, já não me lembro do nome do programa, o Pedro Castelo divertiu-se a passar do lado B do disco, a parte com o “In the Cave”, com toda aquela gritaria que se escuta no álbum e dias mais tarde o António Sérgio, num domingo de manhã, passou os 8 minutos iniciais do “Tubular Bells”, até que chegou esse momento mágico em que o “Pagina 1” me ofereceu a oportunidade de ter o disco de fio a pavio.
Na verdade ouvir rádio nesses tempos era profundamente gratificante e só para terminar, tenho que vos dizerr que o famoso indicativo do “Pagina Um” foi criado pelos “Pop Five Music Inc”, para o programa de rádio e ele aqui fica. Boa audição!
Egberto Gismonti “Sol do Meio Dia” ECM Records 1978
Egberto Gismonti – 8-string guitar, kalimba, piano, wood flutes, voice, bottle. Nana Vasconcelos – percussion, berimbau, tama, corpo, voice, bottle. (track 2, 3 e 5) Ralph Towner – 12-string guitar, bottle. (track 1 e 5) Collin Walcott – tabla, bottle.(track 2 e 5) Jan Garbarek – soprano saxophone (track 5)
1 – Palácio de Pinturas (Construção da Aldeia)– 5:33 2 – Raga (Festa da Construção) – 8;48 3 – Kalimba (Lua Cheia) – 5:14 4 – Coração (Saudade) – 5:58 5 – A – Café (Procissão do Espírito) B – Sapain (Sol do Meio Dia) C – Dança Solitária Nº.2 (Voz do Espírito) D – Baião Malandro (Fogo na Mata / Mudança) Tempo Total – 24:50
Após o sucesso do álbum “Dança das Cabeças”, que de certa forma revelou ao universo musical a genialidade de Egberto Gismonti, seguiu-se um trabalho que irá cruzar as raízes bem brasileiras do músico com correntes jazzísticas que se revelaram num verdadeiro encantamento e referimo-nos a essa viagem musical que ocupa na íntegra o lado B do álbum “Sol do Meio-dia” e onde iremos encontrar logo no início Jan Garbarek nos saxofones, Ralph Towner na guitarra ao lado de Egberto Gismonti, no tema Café, evoluindo posteriormente a música para outras paragens e culturas, onde iremos reencontrar Nana Vasconcelos e Collin Walcott, dois músicos de eleição nos seus instrumentos, que infelizmente já partiram, mas que nos deixaram o testemunho da sua genialidade em diversas gravações.
Já no lado A deste álbum encontramos duetos, trios e solos maravilhosos. “Palácio das Pinturas” oferece-nos um dueto entre as guitarras de Egberto Gismonti e Rakph Towner, seguindo-se um trio em que descobrimos Egberto Gismonti, Nana Vasconcelos e Collin Walcott, na sua famosa tabla, sendo este diálogo pontuado pela percussão de Nana Vasconcelos, para entrarmos depois nas raízes mais profundas da Amazónia num dueto entre Gismonti e Vasconcelos, onde não faltam a kalimba, a flauta e o berimbau, encerrando-se este ciclo com as belas sonoridades do piano, tocado por Egberto Gismonti.
A música deste álbum é dedicada por Egberto Gismonti aos índios Sapain e Xingu, cujos ensinamentos se revelaram de enorme importância para o músico brasileiro, durante o período que passou com eles no interior da Selva Amazónia, segundo nos confessa o músico e compositor num belo texto, inserido no álbum “Sol do Meio Dia”, que se revela um dos mais belos de toda a discografia de Egberto Gismonti.
Este trabalho discográfico foi gravado em Novembro de 1977 no Talent Studio, Oslo, por Jan Erik Kongshaug. Fotografias de Egberto Gismonti. Layout de Barbara Wojirsch. Produção de Manfred Eicher. Todos os temas são da autoria de Egberto Gismont
Musicalíssimo Surgiu em Novembro de 1972 Director: Vítor Direito Periodicidade: Quinzenal Preço: 7$50
Este foi outro jornal dedicado ao universo musical que lia sempre, sendo curioso que a partir do nº.77, datado de 19 de Abril de 1974, o jornal passou a ter o sub-título de "jornal da cultura jovem", até parecia que o "Musicalíssimo" já sentia como os ventos da mudança estavam próximos. Este título incontornável da imprensa musical irá durar até ao número 90, altura em que se irá despedir dos seus leitores.
A capa que reproduzimos é do nº.4 de 24 de Novembro de 1972, que custava 7$50 e o eleito para figurar na capa é Patxi Andion, cantor basco, que estava muito em voga nessa época, navegando nos tops e na rádio, com belas canções que escutadas nos dias de hoje nos transmitem uma certa nostalgia e até nos apetece dizer olhando para esses distantes anos 70 do século passado, como a música era bela e diversificada!
Sem qualquer falha de memória, posso afirmar que este álbum dos “The Beatles” foi o primeiro LP que tive na vida e surgiu “lá por casa” num aniversário de um digito nesse ano de 1966, oferta da minha mãe e que teve um enorme sucesso junto do filho, que estava doido de contente com a prenda.
O álbum “Beatles VI” esteve na época durante seis semanas em primeiro lugar na célebre tabela de álbuns do “Billboard” e ao ser lançado nos Estados Unidos encontrou uma excelente recepção, a que se deve também ao facto de o quarteto de Liverpool oferecer aqui três temas bem conhecidos dos norte-americanos, com novas roupagens ou seja três “covers”, refiro-me aos temas “Bad Boy” e “Dizzy Miss Lizzy”, este último bem famoso da autoria de Larry Williams e a célebre canção “Words of Love” de Buddy Holly.
Aqui vos deixo o tema "Eight Days a Week" da dupla Lennon / McCartney, a segunda faixa do lado A do sexto álbum da banda de Liverpool intitulado "Beatles VI".